Emigrar ou não emigrar - Eis a questão!

30 de Julho de 2012 às 16:12 por Maria Proiete

Está a pensar em emigrar?

Recebeu uma proposta, parece tentadora... Será que vale a pena?

Vou tentar ajudar com a parte da análise dos valores...

 

1.º) Qual é a sua situação actual? Quanto ganha líquido, quanto gasta aqui em Portugal?

Para fazer uma análise há que fazer comparação entre o que tem actualmente e o que lhe está a ser proposto. Que situação é que tem agora?

 

2.º) Quanto é que será o seu vencimento líquido se emigrar?

Como o povo diz, "o que interessa é ter com que se comprar as batatas" e isso é como o seu vencimento líquido.

  • Deve informar-se sobre os impostos é que existem no país para onde pretende emigrar para saber exactamente o valor líquido que irá receber;
  • Veja também qual a sua situação em relação aos impostos em Portugal: Leva a família ou deixa cá a mulher e filhos? (Leia o art.º 15.º e 16.º do CIRS e informe-se que impostos terá que pagar em Portugal);
  • Esse dinheiro implica assumir um risco cambial, isto é, vai ser pago noutra moeda que não Euros? Já analisou o comportamento dessa moeda nos últimos anos? Veja aqui o câmbio diário e faça download do ficheiro de Excel para analisar a flutuação da moeda.

 

3.º) Quais irão ser as suas despesas no país onde irá emigrar?

Por melhor que seja o contrato (podem-lhe pagar casa, carro, seguro de saúde, mensalidade do ginásio, etc.) irá sempre ter gastos no país onde emigrar. Faça uma listagem do que precisa de gastar para ter o mesmo tipo de vida que têm cá (só se devem comparar coisas iguais, por exemplo, se cá em Portugal janta fora uma vez por mês, deve considerar o mesmo n.º de vezes a jantar fora lá, ou então, se está disposto a fazer sacrifícios noutro país, retire essa despesa dos seus gastos cá ... faça isso para todas as despesas). O objectivo é comparar estilos de vida idênticos num país e noutro e quanto é que isso custa em cada um deles.

 

4.º) Quais vão ser as despesas que terá que manter em Portugal mesmo não morando cá?

Há despesas que não se consegue "livrar" facilmente, mesmo indo embora, por exemplo da prestação a pagar ao banco pela sua casa (se for o seu caso).

Há certos bens que são difíceis de vender no momento e outros que não pretendemos vender, porque deseja tê-los cá para usufruir quando vier de férias ou quando voltar (se pretender voltar!). Analise detalhadamente cada uma das suas despesas actuais e verifique se as vai manter ou não.

 

5.º) Quais serão os rendimentos que terá em Portugal mesmo não morando cá?

Se vai manter cá a sua casa, poderá por exemplo pensar em arrendá-la e criar assim uma outra fonte de rendimento.

Tenha atenção apenas a que alguns rendimentos geram também despesas, como por exemplo, para arrendar a casa onde vive pode ter que guardar as suas mobílias e os seus objecto pessoais num armazém e terá custos com isso, poderá ter que pagar a alguém (ou a uma empresa) para cobrar a renda, fazer a manutenção da casa, etc.

Já se estiver a receber subsídios, como o subsídio de desemprego, irá perder esse rendimento ao deixar o país. Se recebe pensões, primeiro informe-se dos rendimentos que poderá manter ou que irá perder se emigrar.

 

6.º) Quais serão as despesas de relocação noutro país.

Mudar-se para outro sítio tem normalmente associadas despesas extra, provavelmente na primeira viagem, se for de avião, vai ter que pagar excesso de peso para levar tudo o que necessita. Se levar mobílias poderá implicar despesas ainda maiores de transporte. Veja tudo o que necessita levar e informe-se do custo que vai acarretar. Multiplique essas despesas por dois, porque provavelmente irá voltar...

 

7.º) Quanto mais terão que lhe pagar para deixar o seu país?

Mas emigrar é algo muito mais do que o aspecto financeiro, são todas as pessoas que vai deixar (família e amigos) e todas as novas experiências (positivas e negativas) que irá vivenciar.

Ser um emigrante é escolher ficar sentado entre duas cadeiras, em Portugal será o "emigrante" e no outro país o "expatriado"...

Por isso, deve pensar muito bem qual é o preço que está disposto a pagar (por algo que não têm preço), isto é, pondere quanto é que têm que poupar a mais para sentir que vale a pena o sacrifício de deixar o seu país. Apesar de parecer muito materialista a "recompensa" monetária a maioria das vezes vai para além do saldo bancário e, dependendo da personalidade de cada um, pode ser associada com a segurança de ter dinheiro de parte caso adoeça ou para a sua velhice, ou à aventura de conhecer uma nova cultura e viver novas experiências.

 

Para tentar ajudá-lo neste processo de decisão criei um ficheiro em Excel "Antes_de_Emigrar-AnaliseFinanceira.xlsx" que, se estiver interessado, deve preencher detalhadamente para analisar a sua situação actual, simular uma situação de emigração e verificar se compensa financeiramente emigrar.

Se tiver dificuldade em preencher o ficheiro veja este vídeo:

 

 

E para além destes aspectos mais emotivos existem outros burocráticos, dependendo do país para onde for trabalhar, como por exemplo tratar de vistos.

 

Deixo aqui também alguns links que achei que poderiam interessar a quem se encontra a tomar esta decisão "Emigrar ou não emigrar":

 

Nota: Este artigo não é um incentivo à emigração, é apenas uma tentativa de ajudar todos aqueles que se encontram a tomar uma decisão díficil, como é deixar o país onde nasceram, família e amigos, e precisam de alguma ajuda para os cálculos.